Estudo comprova que brasileiros se preocupam com o sofrimento e bem-estar animal
A maioria dos consumidores brasileiros quer o bem-estar dos animais e não o sofrimento dos bichos que dão origem aos alimentos.
É o que indica um estudo realizado pelas pesquisadoras Maria Yunes e Maria Hötzel, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Marina von Keyserlingk, da canadense University of British Columbia. Aproximadamente 500 pessoas participaram do estudo que leva em conta o bem-estar animal.
A cada uma delas, os entrevistadores mostraram dois pares de imagens. No primeiro conjunto, os participantes tinham de dizer se preferiam a produção em confinamento ou fora dele para um determinado tipo de animal (que poderiam ser bovinos de corte, frangos de corte, galinhas poedeiras, matrizes suínos ou leitões em amamentação). No segundo conjunto de imagens, a escolha era entre a criação em gaiolas ou fora de confinamento. A preferência pelos métodos que proporcionam mais liberdade foi significativa – apenas uma minoria afirmou preferir os sistemas mais tradicionais.
Mais especificamente, 87% das pessoas disseram preferir a ausência de confinamento, quando a opção era entre a criação confinada ou não – 78% dos entrevistados optaram pela criação livre de gaiolas, quando essas eram as opções apresentadas. A razão para essas preferências, segundo os entrevistados, é a percepção que os bichos livres para se mover e expressar seu comportamento natural têm mais qualidade de vida, visando o bem-estar animal.
O estudo foi publicado em setembro na Animals, uma revista científica internacional dedicada a pesquisas sobre os animais, incluindo zoologia e ciências veterinárias. De acordo com as pesquisadoras, o trabalho buscou descobrir quais as crenças e as atitudes dos brasileiros – especialmente daqueles que não têm qualquer ligação com o setor agropecuário – no que diz respeito aos métodos de criação dos animais de fazenda. “Nossas descobertas indicam que as atuais práticas de criação de animais de fazenda que são associadas às restrições de movimento podem não estar alinhadas com as expectativas da sociedade”, escrevem as autoras. Isso pode ser um problema sério para as empresas que não souberem se adaptar. “A falta de engajamento nesse tema põe em risco a sustentabilidade de longo prazo das indústrias”.
Um alerta para criadores de animais
Um motivo de alerta para o setor de alimentos: 79% dos entrevistados acreditam que os animais de fazenda não são bem tratados no Brasil. Esse é um dado importante para o Instituto Certified Humane. Empresas e criadores dispostos a dar um tratamento humano e adequado aos animais terão de encontrar maneiras de comprovar seu compromisso aos consumidores – e isso pode ser feito por meio da certificação de bem-estar animal, na qual uma entidade independente avalia o sistema de produção para assegurar ao público se as boas práticas estão realmente sendo adotadas.
Publicado em 22 novembro de 2017