Bem-estar animal já é exigência do consumidor
O bem-estar animal é um item que está sendo levado muito a sério pelos consumidores brasileiros. Diante desse comportamento mais exigente – que é muito importante para intimidar os maus tratos e a crueldade muitas vezes ainda praticados aos bovinos, suínos e aves – as empresas estão avançando nesta questão, com práticas mais humanas e responsáveis de criação.
É o que comprova o relatório anual Benchmark de Negócios do Bem-Estar Animal na Fazenda (ou BBFAW, em inglês). Para falar sobre o assunto, a Dinheiro Rural entrevistou o zootecnista José Rodolfo Ciocca, que é gerente de Agropecuária Sustentável da World Animal Protection – ONG que, assim como nós, do Instituto Certified Humane, luta incansavelmente pelo bem-estar animal. Há 5 anos, a entidade divulga o relatório com informações sobre a conduta das empresas diante do bem-estar animal. Abaixo você confere uma parte das questões.
Dinheiro Rural: Quais as novidades de 2018 do BBFAW?
Ciocca: Os investimentos em bem-estar animal vem gerando uma grande movimentação em 2018, essa á uma grande novidade. O relatório avaliou 110 empresas de 18 países. Do Brasil, foram três: a BRF, a JBS e a Marfrig. A BRF e a JBS foram classificadas no nível dois, enquanto a Marfrig ficou no nível três. O ranking vai do um – sendo o melhor – ao seis – é o pior. Vê-se que, cada vez mais, o bem-estar animal está sendo incorporado por elas.
Dinheiro Rural: Quais as ações realmente praticadas pelas empresas brasileiras avaliadas?
Ciocca: A BRF se comprometeu a criar leitoas matrizes livres de gaiolas. Esse posicionamento influencia outras agroindústrias para assumirem a mesma postura. A proposta é que os produtores criem soltas metade dos plantéis de leitoas até 2025. Hoje, todas estão em gaiolas. Isso significará um salto para o bem-estar animal.
Dinheiro Rural: Com poucas empresas, como o Brasil é avaliado?
Ciocca: O Brasil está numa posição interessante, já que o relatório considera o conjunto das empresas avaliadas. No caso, temos só três, mas estão muito bem posicionadas. Mas é preciso que o país avance: o bem-estar animal está sendo visado nas produções, que são destinadas aos europeus. Na maioria das vezes, os brasileiros nem chegam a consumir os produtos dessa criação.
Dinheiro Rural: Do ponto de vista do bem-estar animal, como o Brasil pode evoluir?
Ciocca: O país está começando a atender uma demanda de consumidores que são a favor do bem-estar animal. O Brasil tem potencial para garantir condições mais naturais de criação, com acesso do rebanho a pasto, luz e ar livre.
Dinheiro Rural: Para o bem-estar animal, qual a cadeia produtiva mais crítica?
Ciocca: A de suínos e aves. Três aspectos identificam os pontos críticos: a longa duração de sofrimento a qual um animal pode ficar submetido, o confinamento extremo e a alta lotação de animais nos espaços e, não menos importante, as práticas de mutilação. Na avicultura, há o corte dos bicos das aves. Na suinocultura, o corte da cauda e dos dentes dos suínos. Ainda bem que há alternativas para mudar esse contexto.
Dinheiro Rural: Quais seriam essas alternativas?
Ciocca: Os métodos simples de bem-estar animal. Com mais condições ambientais, mais os animais expressam o seu potencial de produção. Luz, vento, alimentos mais naturais e menos estresse, com a redução de lotação – tudo isso pode refletir em maiores ganhos econômicos na criação.
E para comprovar que essas alternativas que visam uma criação mais humanizada estão sendo realmente praticadas, o selo de bem-estar animal Certified Humane expõe um comunicado muito importante para os consumidores: ao comprar produtos que levam o selo, eles podem ter a certeza que estão fazendo a sua parte ao contribuir em um consumo mais sustentável. Do nascimento ao abate, nenhum animal merece ser maltratado.
Fonte: Beef Point e Dinheiro Rural
Publicado em 18 abril de 2018