Veja 5 aspectos de bem-estar para bovinos de corte
O crescimento dos rebanhos é acompanhado pelo aumento do grau de exigência do consumidor, cada vez mais preocupado com a origem e a qualidade daquilo que consome. Além disso, o público exige que as empresas que produzem alimentos de origem animal se guiem pela ética e assegurem o bem-estar dos animais.
Por isso, é essencial que as empresas, criadores e produtores conheçam e apliquem as normas de bem-estar específicas para os bovinos com fins de produção de carne e derivados.
Aplicadas pelo Instituto Certified Humane, as normas não apenas asseguram qualidade de vida para os animais como reduzem custos, aumentam a produtividade e resultam em produtos de melhor qualidade. Quando integralmente cumpridas as normas na prática da criação e do abate dos bovinos, a empresa ganha o direito de utilizar o selo de bem-estar animal em seus produtos.
Confira abaixo 5 aspectos de bem-estar para bovinos de corte:
1. Alimentação adequada
Os bovinos de corte precisam receber alimentação suficiente em quantidade e qualidade para que se mantenham com plena saúde. Sua condição corporal deve ser avaliada e monitorada regularmente, não devendo ser inferior a 2 (de um grau de 1 a 5), com especial atenção às fases de desmame, próximo ao parto e no início da fase de cobertura.
Bovinos adultos e bezerros com mais de 30 dias de vida precisam receber alimentos ou forragem com fibra suficiente para estimular a ruminação.
As normas de bem-estar para bovinos de corte proíbem que a dieta seja composta por proteínas de origem animal, exceto leite e derivados.
A ração também não pode conter antibióticos com fins profiláticos nem outros produtos fornecidos aos animais como melhoradores de desempenho. Qualquer medicamento só deverá ser usado sob a orientação de um veterinário para o tratamento de doenças.
Os bezerros recém nascidos recebem atenção especial nas normas de bem-estar. As regras de certificação determinam que nas primeiras 24 horas de vida eles mamem diretamente das vacas.
A substituição de alimentos líquidos por sólidos deve ocorrer gradualmente e o desmame não deve ocorrer antes de seis meses de vida, a não ser por recomendação de um veterinário ou situações excepcionais, sob aprovação prévia pelo programa Certified Humane.
2. Acesso à água
Bovinos adultos e bezerros devem ter acesso à água de beber limpa e fresca preferencialmente em bebedouros. Geralmente, um bovino precisa de aproximadamente 10% do seu peso vivo em água por dia. Os currais precisam ter uma fonte de água contínua.
É bom ressaltar que os equipamentos onde os animais bebem devem ser mantidos limpos e deles não deve escorrer água num volume capaz de molhar as áreas adjacentes a eles ao ponto de prejudicar o acesso e as áreas de descanso dos animais.
No pasto, deve-se tomar o cuidado para que os animais não tenham de caminhar muito até o recurso de água: a distância a percorrer não deve ser superior a 800 metros em terreno inclinado ou a 3.200 metros em áreas planas.
As normas não recomendam a utilização de fontes naturais de água. Mas, se for necessário, deve-se evitar o risco de transmissão de doenças e contaminação do meio e respeitar as legislações vigentes.
3. Condições das instalações
Um dos aspectos da criação de acordo com as normas de bem-estar para bovinos de corte é que eles tenham acesso contínuo ao ambiente externo, seja campo ou pasto cultivado.
Nas instalações, não pode haver nada capaz de causar ferimentos recorrentes. As superfícies internas devem ser de material fácil de limpar, desinfetar e substituir, em caso de necessidade.
O piso dos currais de manejo deve ser antiderrapante, reduzindo o risco de escorregões e quedas – mas também não pode ser excessivamente abrasivo, o que causaria danos aos cascos.
Portões e corredores precisam ser largos o bastante para que os animais passem livremente, sem distrações no caminho. A determinação é que bretes e corredores de serviço sejam projetados para evitar que os bovinos empaque e permitam que o rebanho se mova tranquilamente em fila única.
Exige-se que a temperatura seja amena nos currais. A ventilação deve ser adequada, de modo a manter a umidade do ar inferior a 80% quando possível. Isso reduz a concentração de patógenos aéreos transmitidos pelos animais.
É importante proporcionar ao rebanho áreas de sombra natural ou artificial, seja nos currais de confinamentos ou no pasto, para que o gado possa se proteger do sol e do calor excessivo.
4. Áreas de descanso
Os bovinos de corte precisam ter acesso a áreas de descanso, nas quais tenham espaço para expressar seus comportamentos naturais – como se lamber, deitar e estirar os membros, se levantar e virar.
É proibido amarrar os animais. Além de antiderrapante, o piso deve ser impermeável. As normas determinam que as áreas de descanso e de confinamento sejam suficientemente inclinadas para proporcionar a drenagem do ambiente.
5. Manejo do rebanho
Alguns aspectos do manejo com garantia de bem-estar para bovinos de corte merecem destaque. Um deles diz respeito aos barulhos causados pelas instalações: portões, ferrolhos, bretes de contenção e outros equipamentos precisam ser silenciosos, de modo a evitar que o gado se estresse com os ruídos, uma vez que são uma espécie presa. As pessoas que os manejam não devem gritar ou fazer movimentos muito bruscos que assustem os animais.
Outro ponto importante é o cuidado com as instalações para embarque e transporte. A inclinação máxima das rampas para embarque nos veículos de transporte é de 20%. Essas áreas precisam ser bem iluminadas e mantidas limpas e dar condições para que o caminhão estacione próximo o suficiente.No embarque, o veículo tem de ficar bem próximo do fim da rampa, evitando espaçamentos e evitando que os bovinos escorreguem e caiam. A carroceria deve ser inspecionada frequentemente para assegurar que não haja pontas cortantes ou afiadas que possam ferir os animais e o piso deve ser antiderrapante.
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Publicado em 09 fevereiro de 2022