Da indústria 4.0 ao gado de corte 4.0: tendências para o bem-estar animal e segurança no setor
A indústria 4.0 desperta cada vez mais interesse e suas aplicações geram ótimos resultados, principalmente em relação ao impacto transversal na cadeia de valor. As temáticas de segurança e sanidade são, nesse sentido, centrais para o gado de corte. Uma falha de sanidade pode comprometer toda a cadeia em nível nacional, estimulando bloqueios de exportação e possíveis novas barreiras sanitárias.
Neste sentido, podemos listar o bem-estar animal, a individualização do monitoramento do gado, o diagnóstico precoce e a predição de doenças como as principais tendências relacionadas às necessidades de conexão da cadeia, que podem ser apoiadas por tecnologias da transformação digital.
Quanto ao bem-estar animal, podemos notar uma crescente preocupação da sociedade com o processo produtivo, que tem exigido progressivamente comprovação de boas práticas. Além disso, pesquisas já são amplamente publicadas comprovando que maus tratos podem reduzir a qualidade final da carne. Existem diversas ações no Brasil e no mundo na temática “bem-estar animal”. Como exemplo, tem-se a iniciativa de conforto térmico em projeto da EMBRAPA, com uso de sistemas de produção integrados com árvores. Também são utilizados uma série de selos de qualidade referentes ao bem-estar animal, como a Certified Humane – um selo de garantia de bem-estar para animais de produção que está presente em fazendas e granjas de diferentes países (como Canadá, Austrália, Malásia, México, Chile, Estados Unidos e Brasil). Outra ação que garante o bem-estar do animal são as próteses ortopédicas, desenvolvidas a partir de impressões 3D, elas são usadas quando o animal se machuca e o seu uso evita que o gado tenha que ser sacrificado.
A individualização do monitoramento do gado também foi identificada como uma tendência. A partir de dados coletados, fica possível verificar mudanças de comportamento dos animais, por exemplo. Esse monitoramento pode ser realizado a partir de dispositivos de IoT (internet das coisas), como é o caso do produto da BovControl que, com um conjunto de hardware (brincos, chips e balanças eletrônicas), automatiza a coleta de dados dos animais registrando as atividades nutricionais, sanitárias, vacinas e controle de doenças. Quaisquer registros anormais podem ser facilmente selecionados e analisados com antecedência. Outra forma possível de monitoramento é a utilização de sensor no corpo do animal, como oferta a Catle Watch, que monitora dados de calor, saúde e nutrição, permitindo acompanhamento do bem-estar animal detalhado pelos produtores.
Quando trata-se do diagnóstico precoce e predição de doenças, busca-se identificar prematuramente, ou ainda, a partir do monitoramento dos dados existentes, predizer possíveis enfermidades e garantir o bem-estar animal. É realmente um avanço significativo para os produtores, que ficarão menos suscetíveis às perdas no processo produtivo. O diagnóstico precoce de doenças pode ser feito de maneira indireta, a partir de diferentes tecnologias como sensores, deep learning, machine learning, câmeras térmicas e scanners. A Scanner Bovino, traz um exemplo de aplicação, utilizando inteligência artificial integrada à gestão, o que fornece ao produtor dados sanitários integrados à produção e à reprodução do rebanho.
O modelo do “gado de corte 4.0” que desenvolvemos facilita a forma como os aspectos de segurança e sanidade na pecuária são observados. Devemos sim incorporar tecnologias para garantir o bem-estar animal, a individualização do monitoramento, o diagnóstico precoce e a predição de doenças de forma progressiva e atentando ao retorno do investimento. Somente assim, alinhados, teremos um ganho sistêmico em toda a cadeia, incluindo os consumidores finais.
A RAMA, sendo criada com o apoio do MCTIC/CNPq (Ministério Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações/Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e coordenada pela Fundação CERTI, neste ciclo tem seu lançamento previsto para o 2o semestre de 2019. Cadastre-se em nosso portal ou siga-nos no Linkedin!
Autor: André Luiz Meira de Oliveira, Coordenador de Sistemas para Qualidade e Inovação da Fundação CERTI.
*Texto publicado originalmente no blog da Fundação CERTI
Publicado em 24 outubro de 2019