Transporte de bovinos de corte: práticas humanitárias e a importância do bem-estar animal
Quando falamos sobre o transporte de bovinos de corte, estamos lidando com uma fase da vida dos animais que impacta diretamente seu bem-estar e a qualidade dos produtos finais, como a carne. O transporte humanitário tem um papel fundamental para garantir que os animais não apenas cheguem ao destino em boas condições físicas, mas também passem ao mínimo por estresse.
As práticas humanitárias no transporte englobam desde o manejo adequado no embarque e desembarque desses animais nos veículos, até o cuidado com as condições de viagem. A Certified Humane tem uma série de diretrizes a serem seguidas quando uma empresa utiliza o selo de bem-estar animal, que são uma garantia para toda a cadeia de produção e para os consumidores.
Diretrizes de transporte humanitário
As diretrizes da Certified Humane para o transporte de bovinos recomendam o planejamento e gerenciamento para assegurar que os animais não passem por estresse físico ou mental durante a viagem. Além disso, os profissionais envolvidos no transporte devem receber treinamento alinhado com práticas de bem-estar animal. Veja algumas práticas recomendadas:
Condições do veículo
Os veículos usados no transporte humanitário dos bovinos devem ter paredes laterais fortes e seguras, com altura suficiente para evitar que os animais caiam ou possam pular para fora do veículo. O meio de transporte também deve ser regularmente inspecionado para irregularidades, como piso e paredes, e mantidos com higiene adequada.
Além disso, os veículos devem ser alinhados a rampas para facilitar a entrada e saída dos animais. Essas rampas devem garantir a estabilidade dos animais e também dos próprios funcionários.
Espaço no transporte
É necessário evitar que os animais fiquem muito juntos na carroceria, a fim de evitar ferimentos ou sofrimento. Para isso, eles precisam ter espaço suficiente para ficar em pé em posição natural, tanto em piso quanto em altura. A área média disponível por animal de 45 kg, por exemplo, é de 0,3 m², enquanto para um bovino de 205 kg, a área deve ser de 0,64 m².
Ventilação e temperatura
De modo geral, os bovinos devem ser protegidos de radiação solar direta, altas temperaturas, chuva excessiva, e até mesmo vento muito frio e neve. As condições climáticas podem causar dificuldades respiratórias, debilidades e até mesmo a morte. Por isso, nas carrocerias deve haver aberturas para entrada de ar e meio de regulação da temperatura, tanto em dias de calor quanto de frio, trazendo mais conforto térmico e respiratório aos animais.
Quando for utilizado um veículo fechado para o transporte de bovinos, a ventilação pode vir das tampas ou laterais abertas. Quando o veículo tiver a parte superior descoberta, é indicado cobri-la com uma malha ou lona para proteção do sol. Nas viagens durante o inverno, por exemplo, o ar frio em excesso pode causar hipotermia, enquanto a falta de circulação de ar suficiente pode sufocar os animais.
O ideal é que, durante o transporte, os profissionais verifiquem as condições e a temperatura da carga a cada 2 horas, com o intuito de monitorar o conforto dos animais.
Tempo de viagem
A viagem para transporte de bovinos com até um mês de idade não deve ultrapassar 3 horas. O ideal é que o motorista escolha a rota mais rápida e que, se o transporte durar mais de uma hora, haja controle da temperatura e ventilação. Bovinos adultos podem ser transportados até 8 horas sem paradas.
A distância, de fato, importa menos do que o tempo para percorrer o trajeto, o que muitas vezes se deve às condições das estradas. Trajetos com pistas irregulares ou movimentos bruscos do veículo podem fazer com que os animais se desequilibrem e caiam. Por isso, os motoristas devem fazer paradas periódicas para verificar a condição dos animais. Também é recomendado evitar altas velocidades para evitar movimentos inesperados que possam ferir os bovinos.
Higiene
Os veículos e carrocerias devem ser lavados após cada jornada para manter o piso menos escorregadio e mitigar a disseminação de doenças entre os lotes. Para isso, os pontos de embarque ou desembarque devem ter recursos para higienização das carrocerias.
Manejo racional
De modo geral, o manejo dos bovinos no embarque e desembarque deve ser realizado apenas por pessoas treinadas e capacitadas. É importante que a condução dos animais para entrada ou saída do veículo seja feita de forma tranquila, sem correria e sem uso de objetos que agitem e causem estresse, ou, uso de força e métodos que possam causar lesões. O comportamento dos animais deve ser levado em consideração durante os manejos.
Impactos do transporte inadequado
Quando o transporte de bovinos não segue as práticas humanitárias, o bem-estar dos animais fica comprometido, o que impacta também na qualidade da produção de carne. Jornadas muito longas sem condições adequadas de conforto, ventilação e descanso podem provocar exaustão nos animais. O estresse prolongado afeta o sistema imunológico e torna os animais mais suscetíveis a doenças e favorecer problemas de defeitos na carne.
Além disso, o manejo inadequado pode causar lesões físicas, como machucados, fraturas e contusões. Isso também prejudica o bem-estar dos animais, podendo resultar em perdas econômicas para os produtores ao reduzir a qualidade da carne.
A importância da certificação Certified Humane
Adotar as diretrizes propostas pela Certified Humane melhora a qualidade de vida dos bovinos nessa, além das outras etapas produtivas e favorece a qualidade da carne. Tanto o bem-estar animal como a qualidade do produto final atendem à demanda crescente de consumidores conscientes por produtos de origem responsável e ética.
Para comprovar a adoção dessas práticas no transporte de bovinos e se adequar às normas do Programa Certified Humane para obter o selo de bem-estar animal, acesse o e-book sobre bem-estar de bovinos na prática.
Publicado em 15 outubro de 2024