Gripe aviária: saiba como as práticas de bem-estar animal protegem as galinhas
Estamos já em 2023 e mais uma vez o mundo se vê obrigado a entrar em alerta por causa de uma doença animal que se prolifera a passos largos – neste caso, uma velha conhecida dos avicultores: a gripe aviária, conhecida também como influenza aviária ou gripe do frango.
Uma doença endêmica cujo melhor (ou único) “tratamento” possível é manter o mais alto rigor de biosseguridade que é parte intrínseca do bem-estar animal.
Com surtos do vírus da gripe aviária espalhando-se por todos os continentes e chegando a locais onde ela nunca foi registrada antes, especialistas da América do Norte e Europa já cogitam que a doença tornou-se um problema permanente.
Para piorar, as aves infectadas ou que tiveram contato com a doença causada por um vírus são abatidas de forma emergencial, em muitos casos não seguindo as normas humanitárias de abate, sem resolver em nada a questão da gripe aviária, apenas contendo a sua disseminação.
As práticas de bem-estar animal, por outro lado, têm a capacidade de proteger tanto as galinhas quanto a própria saúde humana: descubra como no texto a seguir!
O que é a gripe aviária
A gripe aviária é uma infecção causada pelo vírus Influenza tipo A, que ataca principalmente aves, mas que também pode ser transmitida, apesar de raramente para seres humanos.
É uma doença altamente transmissível cuja vacina para prevenção e o tratamento ainda não existem.
A taxa de letalidade nas aves pode chegar próxima dos 100% – por isso o abate, ainda que ineficiente, como forma de controle.
Já entre as galinhas e outras aves, os sintomas mais comuns da gripe aviária são:
– Pneumonia, tosse, corrimento nasal;
– Dificuldade de locomoção, edemas, hemorragia;
– Diminuição na postura.
Aumento de casos
Desde o início do ano, surtos de gripe aviária já foram registrados em países da América do Norte, América do Sul, África, Ásia e Europa – e segundo avicultores e especialistas, a doença tem se manifestado tanto no calor do verão quanto no frio do inverno.
O esperado inicial era que ela desaparecesse no inverno, com a redução da migração de aves silvestres! Nossos vizinhos do Uruguai e da Argentina chegaram a declarar, inclusive, emergência sanitária.
Cercado por países afetados pela gripe aviária, o Brasil decidiu suspender as feiras de aves de todas as espécies no país inteiro por pelo menos três meses, e a soltura das aves criadas em sistemas que demandam o acesso aos piquetes, ao ar livre – medida que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) declarou ter sido tomada justamente por causa do aumento de casos no mundo todo.
Como os sistemas convencionais contribuem para o aumento da gripe aviária?
Além da possível contaminação das galinhas via contato com fezes ou água contaminada por aves silvestres, os próprios sistemas convencionais de criação industrial são ambientes altamente propícios aos surtos de gripe aviária – veja abaixo somente alguns fatores de influência:
– Seleção genética → No sistema convencional, a seleção genética prioriza aves que engordam rápido, ou que ficam alojadas em espaços que mal conseguem se locomover;
– Estresse → Sem espaço, interação com o ambiente ou a presença de qualquer instrumentos que entretenha (poleiros, palha, etc.), as aves vivem sob constante estresse;
– Sistema imunológico deficiente → Todos esse fatores se somam para gerar sistemas imunológicos enfraquecidos e suscetíveis a doenças;
– Profissionais e outras pessoas em risco → Em um ambiente de criação com altas densidades, os profissionais que lá trabalham são os mais vulneráveis a serem infectados pela gripe aviária – e podem acabar transmitindo a doença para outras pessoas.
Por que um estado positivo de bem-estar animal minimiza as chances da doença ocorrer?
O sistema de criação cage-free não apenas assegura um melhor estado de bem-estar das galinhas, como as protege contra a gripe aviária porque obedece normas e padrões rigorosos de manejo sanitário e de densidade que contribuem na prevenção da doença – veja os principais:
– Livres de gaiolas → As aves ficam livres para expressar seu comportamento natural, sentindo-se assim melhor fisiologica e comportamentalmente;
– Ambiente adequado → Sempre bem conservado, na temperatura correta e com espaço para todas as aves, sem competição por recursos como bebedouros e comedouros, além de espaço; nenhuma ave silvestre ou predador deve ter acesso aos galpões;
– Dieta balanceada → Repleta de nutrientes e distribuída de acordo com a fase de cada ave;
– Naturalmente saudáveis → O manejo com bem-estar proíbe manipulação genética, uso de fármacos como melhoradores de desempenho e outras medidas artificiais;
– Manejo → Os profissionais que trabalham com as aves são treinados e capacitados para exercer o manejo calmo e compassivo que prioriza o comportamento dos animais.
– Biosseguridade → Para atender os requisitos de bem-estar das galinhas, são exigidos programas completos de vacinação, controle de endo e ectoparasitas e medidas de biosseguridade como desinfecção do meio, dos calçados, veículos e medidas de higiene das pessoas.
Publicado em 20 abril de 2023