Livro mostra importância do bem-estar animal para as empresas de alimentos
Um livro recentemente lançado nos Estados Unidos mostra a importância do bem-estar animal para o futuro de empresas e criadores. Seu título é The Business of Farm Animal Welfare (O negócio do bem-estar dos animais de fazenda, numa tradução livre).
A obra reúne uma série de artigos e estudos de caso escritos por 32 autores entre cientistas e executivos de empresas e instituições financeiras, que comentam sobre a importância do bem-estar animal. O prefácio é assinado pela americana Temple Grandin, uma das pesquisadoras mais respeitadas do mundo em manejo de bovinos e integrante do comitê científico da Certified Humane.
De maneira geral, a obra apresenta os riscos que a falta de comprometimento com a qualidade de vida dos animais traz para um negócio – e como é possível encontrar oportunidades de crescimento quando se adotam boas práticas para que aves, bovinos, suínos e outras espécies vivam com conforto e sem sofrimento.
Os organizadores do livro são o especialista em responsabilidade corporativa Nicky Amos e o consultor de investimentos Rory Sullivan. Os dois são as figuras mais proeminentes de uma organização não-governamental responsável por produzir um ranking global sobre as empresas que melhor gerenciam as boas práticas de bem-estar animal (em 2016, as brasileiras BRF, Marfrig e JBS estavam na lista, chamada de Business Benchmark on Farm Animal Welfare – BBFAW).
Ambos assinam a apresentação e o capítulo de introdução, nos quais demonstram uma dupla importância para as empresas e criadores. Tratar o assunto com desleixo pode comprometer o futuro de um negócio – mas tomar a atitude de aprimorar a qualidade de vida dos animais é algo capaz de abrir um futuro bem mais promissor, abrindo mercados e caminhos para o crescimento sustentável levando em conta a importância do bem-estar animal.
“Longe de ser uma preocupação ética de um nicho, o bem-estar dos animais de fazenda tem profundas implicações para os custos corporativos, receitas, ativos, marcas e reputação”, escreve Sullivan na apresentação da obra. “É tanto um risco comercial quanto um conceito chave para oportunidades comerciais”, ressalta.
Humanizar o tratamento é urgente
Gestores de fundos que juntos somam quase 2 trilhões de dólares em ativos já levam a importância do bem-estar animal em consideração nas suas avaliações de investimento.
Amos e Sullivan explicam porque é urgente humanizar o tratamento que aves, bovinos, suínos e outras espécies criadas comercialmente nos sítios e fazendas. A preocupação dos investidores com a maneira que as empresas do setor de alimentação lidam com a qualidade de vida dos animais é mais do que evidente.
Segundo os organizadores do livro, 19 grandes instituições de investimento participam de uma iniciativa internacional para colaborar com o bem-estar dos animais de fazenda, entre os quais o banco francês BNP Paribas. Juntos esses grupos gerenciam mais de 1,5 trilhão de libras em ativos (quase 2 trilhões de dólares) e usam o ranking da BBFAW para avaliar como as empresas alimentos gerenciam riscos e oportunidades em relação ao bem-estar animal.
Os animais estão sendo realmente respeitados?
Evidentemente, declarações de boas práticas e a documentação dos relatórios que as empresas costumam apresentar ao mercado são um bom indício de como as empresas tratam os animais que de alguma forma estão inseridos nas suas cadeias produtivas.
Não se pode esquecer, porém, da importância de organizações certificadoras como o Instituto Certified Humane. De outro modo, como consumidores e investidores poderiam ter garantias de que os belos discursos em favor da qualidade de vida de aves, bovinos, suínos e outras espécies estão sendo realmente respeitados?
De qualquer forma, livros como o de Amos e Sullivan mostram que o cerco sobre as companhias está se fechando. Não são só os consumidores que pensam na importância do bem-estar animal e se importam com a maneira como vivem as criaturas que dão origem à nossa comida. O tema já está na agenda dos responsáveis por administrar o dinheiro dos investidores, sem o qual as perspectivas de expansão de um negócio pode ser um bocado mais difícil.
Publicado em 07 dezembro de 2017