Certified Humane no Brasil e no Mundo: como um bom propósito mudou o bem-estar de milhões de animais
O Ano Novo é um período no qual as pessoas se enchem de bons propósitos. Pena que nem sempre há força de vontade suficiente para ir frente com essas resoluções, por mais bem intencionadas que sejam. Só quem persiste na jornada sabe o quanto costuma ser gratificante trabalhar para construir uma vida e um mundo melhor.
Tome-se o exemplo da Humane Farm Animal Care, organização não-governamental sem fins lucrativos que criou e mantém o programa de certificação Certified Humane. Hoje ela é a principal instituição internacional voltada à certificação do tratamento mais digno dos animais de criação. Seu selo certifica 166 empresas e 5.600 fazendas e granjas nos Estados Unidos, Canadá, Chile, Peru e, é claro, Brasil. Mas tudo começou com uma ideia muito simples: dar às pessoas o poder de reconhecer e valorizar os produtores que respeitam o bem-estar animal.
Nada tem tanta força para mover o mercado quanto o comportamento do consumidor
No fundo, trata-se de reconhecer algo que muitas vezes não é tão óbvio assim. É certamente importante aprovar leis, decretos e regulamentos estabelecendo padrões de tratamento adequado para os animais. Mas nada tem tanta força para mover o mercado quanto um sinal claro dos consumidores em favor do comportamento humanizado na produção de carnes, ovos e derivados.
De fato, desde a criação do selo Certified Humane, em 2003, mais de 515 milhões de animais foram criados em fazendas e granjas certificadas com o selo, assegurando o respeito às necessidades de bem-estar de cada espécie. Em outras palavras, esses animais tiveram garantido seu direito a uma existência digna e livre de maus-tratos, do nascimento ao abate.
Em 2016, o Instituto Certified Humane Brasil tornou-se o representante do programa de certificação para a América do Sul. Já há no Brasil produtores de leite, aves e ovos que se submetem a inspeções periódicas para ter o direito de usar o selo Certified Humane. Também há produtores de ovos certificados no Chile e no Peru.
Os alicerces do selo Certified Humane: a colaboração dos principais pesquisadores sobre bem-estar animal no mundo e a consciência de consumidores e de criadores.
Seria pouco provável, porém, que esses resultados fossem alcançados sem o apoio, a colaboração e o incentivo de pessoas que compartilham de objetivos semelhantes. Financeiramente, o desafio é sustentar a operação de certificação. Os recursos para o programa vêm das tarifas cobradas das empresas e dos criadores que buscam a certificação, além de doações de pessoas e de instituições. Para isso, credibilidade é fundamental. Uma das forças do programa Certified Humane é o seu comitê científico, formado por 40 pesquisadores da área animal e veterinários do Canadá, Europa, Brasil, Estados Unidos, Turquia e Austrália. Trata-se de uma seleção que reúne os principais conhecedores sobre o tema bem-estar animal no mundo. A Humane Farm Animal Care também tem o apoio de 68 organizações humanitárias, entre as quais ONGs como a World Animal Protection, a American Society for the Prevention of Cruelty to Animals e o Center for Food Safety.
E há, por fim, o suporte essencial de consumidores e de criadores que acreditam na necessidade de tratar bem os animais. É isso, no fim das contas, que faz uma boa intenção se tornar uma atitude concreta em favor de uma mudança, para melhor, na vida dos animais e nas tendências do mercado de consumo.
Publicado em 10 janeiro de 2017