Cage-free: produção de galinhas criadas sem gaiolas respeita o bem-estar animal
Dar condições para que as galinhas possam viver sem gaiolas, livres para ciscar, se alimentar e exercer o comportamento natural, é uma realidade cada vez mais presente na América Latina e no mundo.
Esse é o cage-free, sistema de criação que não só dispensa e abomina qualquer tipo de confinamento em gaiolas como respeita os princípios do bem-estar animal. Além de agir naturalmente, no modelo cage-free as galinhas poedeiras adquirem mais saúde e geram ovos mais saudáveis.
Naturalmente que, para manter as galinhas secas e protegidas de predadores e do clima adverso, também é preciso disponibilizar alojamentos que comportem toda a criação. São cuidados como esse, previstos nas normas de certificação de bem-estar animal do Instituto Certified Humane, que garantem conforto às aves.
Surgido há cerca de dez anos na nossa região e hoje predominante na Europa, na Austrália e em grande parte dos Estados Unidos, o sistema cage-free representa uma verdadeira revolução na indústria de ovos. O bem-estar animal deixou de ser somente uma tendência – é uma exigência do consumidor mundial.
Diferença entre Cage-free e criação tradicional
Com uma visão arcaica de produção em massa a qualquer preço, os métodos tradicionais para criação de galinhas poedeiras não respeitam o bem-estar das aves.
Na criação convencional, as galinhas permanecem presas em gaiolas coletivas sem qualquer espaço para caminhar ou se alimentar livremente – ambiente que estimula a competitividade e um comportamento agressivo entre as aves. Para evitar qualquer situação adversa, os bicos das aves são cortados e cauterizados através da debicagem.
No sistema cage-free as galinhas ficam livres para circular, têm acesso a água e comida e não precisam competir indevidamente. Assim, a debicagem severa não é permitida – somente o aparo de bico em até 10 dias de idade, como medida preventiva de acordo com as normas de bem-estar animal.
Um método de criação ético e natural que, segundo cientistas, gera ovos muito mais seguros e nutritivos. Em comparação com os ovos tradicionais, os ovos cage-free possuem:
- Duas vezes mais vitamina E, 38% a mais de vitamina A e maior teor de vitamina D;
- Duas vezes mais Ômega 3;
- Mais resistência à penetração da Salmonella;
- 15% a mais de energia vital.
Galinhas criadas sem gaiolas são o futuro
A indústria de alimentos como um todo já sabe que o sistema cage-free representa o futuro da produção de ovos e todas as grandes marcas, nacionais e internacionais, estão se mobilizando para adaptarem-se o quanto antes ao novo modelo.
Nos Estados Unidos, gigantes como Dunkin’ Donuts e Arby’s anunciaram que irão utilizar apenas ovos de galinhas criadas livres de gaiolas. No mundo, dez das 25 maiores redes de fast-food também comprometeram-se com o sistema cage-free.
As marcas latinas perceberam que não podem ficar atrás e seguem o mesmo caminho. Em um movimento que pode beneficiar 5,7 milhões de galinhas por ano no Brasil, a empresa GPA (proprietário do Pão de Açúcar, Extra e outras redes) anunciou que, até 2028, todas as suas bandeiras venderão exclusivamente ovos cage-free.
Com isso, a empresa GPA une-se a outros gigantes do mercado regional que já haviam anunciado a venda exclusiva de ovos livres de gaiola em suas lojas – como os grupos Carrefour e Wallmart.
Mudanças no mercado
Todos estes anúncios recentes de empresas do ramo alimentício firmando compromisso com o sistema cage-free é um reflexo da revolução na indústria de ovos – uma revolução conduzida pelas novas exigências do consumidor.
Mesmo tradicionais marcas de fast-food norte-americanas estão aderindo ao sistema de criação cage-free: KFC, Pizza Hut, Taco Bell, entre outras.
Com esta visão clara do mercado, é uma ótima oportunidade para as empresas brasileiras que ainda não estão comprometidas com o cage-free anteciparem-se e adaptarem-se ao modelo que em breve se tornará predominante também por aqui.
Publicado em 28 fevereiro de 2018