Por que as empresas que usam ovos na Ásia estão recorrendo ao cage-free?
Recentemente, a Forbes publicou uma matéria em inglês destacando a revolução na produção de ovos na Ásia, com foco na transição para práticas livres de gaiolas.
A reportagem explora como iniciativas inovadoras, como a da Happy Hens Farm, liderada por Manjunath Marappan, estão transformando o setor com maior bem-estar animal e sustentabilidade. Confira a matéria:
Manjunath Marappan, fundador da Happy Hens Farm, relembra os tempos em que todas as galinhas na Índia eram livres de gaiolas, como as criadas por sua avó, que ciscavam grãos e minhocas no quintal.
No entanto, a partir dos anos 1980, a produção de ovos no país se transformou.
O aumento da demanda por ovos e carne de frango levou a uma industrialização da produção, concentrando-a em espaços pequenos e confinados, onde as galinhas perderam sua liberdade.
O retorno às raízes
Marappan acredita que essa transição resultou em perdas significativas para os consumidores e produtores. Para ele, resgatar práticas mais tradicionais e éticas traz benefícios como melhores oportunidades de trabalho, alimentos mais saudáveis e maior bem-estar animal.
Motivado por essa visão, Marappan e seu sócio Ashok Kanna fundaram, em 2015, a Happy Hens Farm, onde todas as galinhas são criadas soltas e vivem de forma mais natural, com bicos e asas intactos.
Em 2024, a Happy Hens Farm foi reconhecida internacionalmente ao receber o prêmio Good Egg Award da Compassion in World Farming, sendo a primeira empresa indiana a conquistar essa honra.
Hoje, diversas granjas em estados do sul da Índia fazem parte de sua rede, reunindo agricultores experientes e iniciantes que compartilham conhecimentos e práticas sustentáveis.
Impacto na economia local
Além de oferecer treinamento e suporte de mercado, a Happy Hens Farm trabalha com raças nativas de galinhas, mais adaptadas à vida ao ar livre.
O modelo de produção de ovos sem gaiolas é menos intensivo do que o industrial, permitindo que pequenos agricultores mantenham até 3.000 aves em suas propriedades, em comparação com as 20.000 em ambientes industriais.
A empresa também tem gerado renda consistente para agricultores locais. Uma agricultora com 300 galinhas pode ganhar cerca de 10.000 rúpias (cerca de US$ 117) por mês, um rendimento significativo na Índia.
Marappan destaca que 100% dos ovos produzidos são vendidos, graças à adoção de um programa inovador: os créditos cage free.
O que são os créditos Cage-Free?
Lançado pela Global Food Partners, esse sistema permite que empresas de alimentos e hospitalidade compensem o uso de ovos convencionais, apoiando diretamente granjas que produzem ovos com certificação de bem-estar animal.
Empresas como a Unilever e a Krispy Kreme já aderiram ao programa, que conecta compradores a produtores em áreas remotas.
O programa funciona assim: se uma empresa está em um local onde ovos de galinhas livres de gaiolas não estão disponíveis, ela pode pagar à Happy Hens Farm a diferença entre o preço dos ovos convencionais e os ovos com certificação de bem-estar, incentivando diretamente a produção sustentável.
Desafios e oportunidades
Embora existam desafios, como predadores e maior risco de doenças em ambientes abertos, Marappan acredita que o modelo é viável e escalável.
Ele vê os créditos cage free como uma solução de curto prazo para criar capacidade e infraestrutura, permitindo uma transição gradual para um mercado livre de gaiolas.
O futuro dos ovos na Ásia
À medida que mais empresas se comprometem com metas globais de bem-estar animal, a demanda por ovos livres de gaiolas deve crescer.
Segundo a CEO da Global Food Partners, Elissa Lane, a Ásia é um mercado emergente nesse movimento, com progresso notável em países como China, Tailândia e Indonésia.
Embora os créditos cage free ainda sejam um conceito novo, eles têm potencial para revolucionar a produção de ovos, incentivando práticas éticas e sustentáveis, como as da Happy Hens Farm, que é certificada pelo selo Certified Humane®, reconhecendo seus altos padrões de bem-estar animal.
Publicado em 14 janeiro de 2025