Gado de corte: Rizoma é a primeira fazenda brasileira a obter o selo

Fazenda Rizoma: Gado de Corte

A Rizoma é a primeira propriedade brasileira a obter o certificado de bem-estar animal Certified Humane para a criação de gado de corte.

Sócios da Fazenda Rizoma, certificada para criação de gado de corteA direção é do empresário Pedro Paulo Diniz, que junto a outros dois sócios, está investindo na produção de gado de corte. A bovinocultura faz parte do projeto que visa fortalecer a cadeia de produção regenerativa no Brasil. Localizada em Iaras (SP), a Fazenda Takaoka foi a que recebeu o selo de bem-estar animal.

Na propriedade, as atividades são divididas entre a produção de grãos e a criação de gado de corte. A área de plantio soma 723 hectares – destes, 44 são destinados à pastagem permanente em sistemas silvipastoris (SSPs), ainda em fase experimental. Outros 560 hectares são operados integrando a lavoura e a pecuária de corte (ILPs), produzindo pasto orgânico na entressafra de grãos, beneficiando a alimentação dos animais e a saúde do solo. 

Atualmente, 671 novilhas da raça Nelore compõem o rebanho de gado de corte da Rizoma. Os animais podem comer à vontade em pastos orgânicos, recebem tratamento homeopático para controlar os parasitas e não há confinamento. A Fazenda da Toca, que já possui o selo Certified Humane para galinhas poedeiras, foi a incubadora da Rizoma. Por isso, o bem-estar animal nasceu junto com a Rizoma. 

Infelizmente, ainda não há frigoríficos com a certificação Certified Humane no Brasil, o que faz com que o selo da fazenda garanta o bem-estar animal ‘da porteira para dentro’. É importante que isso mude para que o consumidor possa ter acesso ao produto animal com a garantia de criação humanizada da Rizoma. A seguir, destacamos alguns itens da norma para a criação de gado de corte com bem-estar animal:

Alimentação

Nenhum alimento que contenha proteína derivada de mamíferos ou aves pode ser oferecido ao gado de corte, exceto leite ou derivados. Assim como na criação de outros animais, produtos melhoradores de desempenho e antibióticos são proibidos. Estes são permitidos apenas para o tratamento de doenças. 

Água

Quando o gado de corte fica extensivamente no pasto, uma fonte de água limpa e fresca deve estar sempre disponível. Para isso, os animais não devem percorrer um trajeto de grandes distâncias – menos de 0,8 km em terrenos inclinados e montanhosos e até 3,2 km em locais planos e sem obstáculos. 

Ambiente

Fazenda Rizoma: Gado de Corte

O ambiente onde o gado de corte é mantido não deve conter nenhuma característica física que possa ocasionar ferimentos. O local deve ser projetado para evitar qualquer estresse aos animais, permitindo que desenvolvam o seu comportamento natural. Nestes locais, principalmente, em regiões em que o calor e a umidade podem ser extremos os recursos de sombra naturais ou artificiais são indispensáveis.

Área de repouso

O gado de corte deve ter acesso permanente a uma área de descanso que seja bem drenada ou conservada seca e com tamanho suficiente para que todo rebanho possa deitar ao mesmo tempo, na postura normal de repouso. 

Gerenciamento 

Os gerentes das fazendas devem garantir que os manejadores tenham uma cópia do Referencial de Bem-estar Animal para gado de corte e entendam os padrões de criação. Para isso, devem desenvolver cursos para quem lida com os animais, com possibilidade de atualização constante. O objetivo é que manejadores sejam capazes de reconhecer sinais de comportamento normais, anormais e de medo, além de sinais de doença e conhecer o escore da condição corporal. Ainda, os gerentes devem estar aptos para realizar procedimentos que podem ocasionar sofrimento, como aplicar injeções, aparar cascos, castrar ou identificar. 

Manejo tranquilo e racional 

O gado de corte deve ser manejado com cuidado, evitando ao máximo a geração de qualquer tipo de estresse. A condução deve ser tranquila e os manejadores devem evitar usar recursos que façam barulho para mover os animais ou bater neles, o que pode acabar machucando-os. Nenhum animal deve ser puxado pela cauda, pele, orelhas ou membros. Varas e bastões elétricos são estritamente proibidos. 

Monitoramento da saúde 

O rebanho deve ser monitorado de acordo com o seu desempenho incluindo doenças da produção, infecciosas e ferimentos resultantes do alojamento e criação do gado de corte. Aqueles debilitados, fracos ou que estiverem doentes devem receber tratamento separados dos outros, com o auxílio de um veterinário. 

Alterações físicas 

O amochamento, que é a retirada dos chifres dos bovinos através da destruição das células queratogênicas, pode ser realizado até os dois meses de idade usando cauterização a calor e medicamentos para o controle da dor. Embora rara, a remoção de tetas excedentes pode ser praticada até as cinco semanas de idade, também com o uso de medicamentos para o controle da dor. Estes são os únicos procedimentos invasivos que são permitidos na criação de gado de corte segundo os referenciais da HFAC. 

Eutanásia 

Todas as fazendas devem estar preparadas para a eutanásia imediata dos animais em casos de incidentes com os mesmos. O procedimento pode ser realizado com alguém treinado da equipe ou por um veterinário.

Transporte 

As instalações para o embarque devem ter uma rampa com, no máximo, 20% de inclinação, antiderrapante e serem mantidas limpas, além de possuir boa iluminação. As rampas para o embarque e as aberturas traseiras dos veículos devem se aproximar para evitar que o gado de corte escorregue e caia. 


Publicado em 31 outubro de 2019

Categorias:
Bovinos de Corte, Mundo