Conheça os principais erros de manejo das aves e saiba como adequar a produção
Inspetora do Instituto Certified Humane há mais 3 anos e com a experiência prática de mais de 14 anos e visitas a dezenas de granjas no Brasil e no exterior, Juliana Pereira é especialista na criação de galinhas livres de gaiolas. Com sua visão única, ela tem atuado ativamente junto aos produtores que estão iniciando o processo de certificação de bem-estar animal e precisam se adequar ao sistema de produção e ao manejo das aves livres.
Em entrevista recente com o Diretor da Humane Farm Animal Care (HFAC) na América Latina, Luiz Mazzon, Juliana Pereira converteu seu conhecimento prático em valiosas dicas e conselhos que esclarecem as dúvidas mais frequentes dos produtores que não estão acostumados ao manejo de galinhas livres.
Então siga conosco, conheça os principais erros de manejo das aves e saiba como adequar sua produção!
Erros na alimentação e água
Um dos principais erros de manejo das aves ocorre quando o produtor fica preso à quantidade de ração que deve ser fornecida a cada indivíduo de acordo com a tabela da linhagem; porém, essa medida geralmente é feita para galinhas criadas em gaiolas. Quando criadas livres, as galinhas expressam seu comportamento natural, forrageiam, se deslocam pelo galpão e gastam mais energia.
Confira os principais erros relacionados ao arraçoamento das aves e como adequar o fornecimento de alimentação e água:
– Na criação livre de gaiolas, o volume de consumo de ração deve ser incrementado de 10% a 15%;
– A ração não deve ser fornecida apenas uma vez ao dia e tudo de uma vez: isso deixa as aves estressadas e incentiva o canibalismo e a auto-bicagem; A ração diária deve ser fornecida em três porções ao longo do dia;
– A alimentação deve ser balanceada de acordo com a idade da ave para atender suas necessidades nutricionais específicas;
– Os comedouros e bebedouros devem ser sempre limpos e a altura também deve ser ajustada de acordo com o crescimento das aves;
– É indispensável fornecer água potável e realizar a análise bacteriológica ao menos uma vez por ano;
– Nenhum ingrediente de origem animal deve ser fornecido às aves, assim como antibióticos ou promotores de crescimento.
Erros no ambiente
Outro dos frequentes erros de manejo das aves é deixar de fornecer poleiros: é da natureza das galinhas empoleirar-se para dormir com segurança e tranquilidade mental.
Veja os principais erros e como adequar o ambiente das aves:
– O ideal é disponibilizar poleiros para as aves a partir da quarta semana de idade ou antes;
– Os poleiros devem ser distribuídos de maneira uniforme no galpão, com pelo menos 2,5cm de diâmetro cada um;
– O poleiro deve estar a pelo menos 20 cm da boca do ninho para não bloqueá-lo; e também distante de qualquer estrutura como da parede ou tela;
– Na recria, o espaço do poleiro deve ser de 7,5cm por ave; na produção, 15cm por ave;
– Os poleiros devem ter angulação máxima de 45 graus em relação a cama para que as aves consigam pular de um para outro;
– As fiações ou tubos que suportam os comedouros e bebedouros não são consideradas poleiros.
Erros no manejo do ninho
A presença de ninhos em boas condições à disposição no galpão, assim que a galinha é transferida da recria, é fundamental para que a ave sinta-se segura para fazer a postura.
Confira os principais erros e como adequar o manejo do ninho:
– Os ninhos sempre devem ter substrato de boa qualidade em seu interior, como cascas de arroz ou maravalha que não seja muito grossa;
– Quando o substrato está acabando dentro do ninho, é hora de repô-lo;
– Idealmente, as frangas devem ser transferidas da recria para o galpão de postura com 12 ou 13 semanas para se adaptarem melhor ao ambiente e aos equipamentos;
– É preciso ir retirando os ovos à medida que são postos para evitar amontoamento das aves e dos ovos;
– É recomendado que o galpão de postura tenha distribuição homogênea de luz em intensidade que permita inspecionar as aves e impedir o amontoamento delas.
Erros no conforto térmico
A questão do conforto térmico é mais um dos frequentes erros de manejo das aves, especialmente considerando que o Brasil é um país de temperaturas quentes.
Veja os principais erros e como adequar o conforto térmico:
– A temperatura corporal das galinhas é de 40 a 41 graus Celsius e elas gastam muita energia para se manterem em conforto térmico no frio; se o ambiente ficar quente demais, caem a produtividade e a qualidade da casca do ovo;
– Bico e/ou as asas abertas são sinais de que as aves estão com calor, ofegantes e desesperadas para se refrescarem;
– O produtor deve sempre registrar a temperatura mínima e a máxima do dia para melhor gerenciar o ambiente das aves;
– Se a granja fica numa região de temperaturas altas, é preciso fornecer ao mínimo ventiladores, e adicional ter aspersores, para manter o conforto térmico das aves;
– Nunca deve-se ligar um sistema de aspersão sem que haja ventiladores já acionados no galpão;
– Se a região apresenta umidade alta, não há razão para usar aspersores; umidade relativa do ar ideal está entre 40% e 70%;
– Quando as aves se amontoam é sinal de que estão com frio: use cortinas laterais no galpão para conservar a temperatura interna em caso de vento ou chuva;
– É essencial que o piquete seja provido de sombra para que as aves tenham conforto térmico e proteção também fora do galpão.
→ Ouça o episódio 7 de nosso podcast com as melhores dicas e conselhos para adequar a produção de galinhas poedeiras!
Publicado em 21 junho de 2022