Perdas no transporte de animais podem chegar a 20%
O bem-estar dos animais começa desde que os bichinhos nascem até o momento do abate. Uma das etapas de vital importância é evitar perdas no transporte de animais, das granjas e fazendas até o local de abate.
Estudos indicam que as perdas no transporte de animais podem chegar a 20%, dependendo das condições em que eles foram transportados – desde a freada brusca, até a superlotação no caminhão ou ainda quando o caminhão para sob o sol por horas. Além das mortes, há ainda a perda na qualidade da carne, com contusões e liberação de hormônios pelo alto nível de estresse do animal.
Especialista no assunto e primeiro veterinário no mundo com doutorado em bem-estar animal, o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), Adroaldo José Zanella, concedeu entrevista para a Revista Avicultura Industrial na qual afirma que o bem-estar animal não pode ser visto como o vilão do setor produtivo: “A minha preocupação maior é o equívoco de apresentar o bem-estar animal como se ele estivesse em rota de colisão com o setor produtivo. Dessa forma, você meio que criminaliza o conceito de bem-estar animal, como se ele fosse um vilão”, e completa: “A coleta de dados sobre bem-estar animal é algo que pode ajudar imensamente o produtor a melhorar o manejo e se apresentar para a sociedade com a dignidade que ele tem como produtor de alimentos”, afirma Zanella.
O professor Adroaldo José Zanella é membro do Comitê Científico da Humane Farm Animal Care (HFAC) e já fez várias pesquisas que mostram dados preocupantes para o bem-estar animal, como as já citadas perdas no transporte de animais, e defende o investimento em pesquisas para o Brasil alavancar esta questão de fundamental importância para o agronegócio no país.
O pesquisador também é coordenador do projeto Animal Welfare Indicators, que desenvolve desde 2011 pesquisas sobre diagnóstico e reconhecimento de dor em animais como ovelhas, cabras e perus, além do desenvolvimento de protocolos para a avaliação científica de bem-estar animal no Brasil. Esses indicadores da qualidade de vida de animais de produção, como estresse e condição corporal, fazem parte das normas exigidas pela Certified Humane para a obtenção do selo de bem-estar animal.
Publicado em 20 março de 2017